Legg Calvé Perthes

A doença de Perthes é uma condição que afeta o quadril na infância. Ocorre quando o suprimento de sangue para a cabeça do fêmur é interrompido temporariamente. Sem um suprimento sanguíneo adequado, as células ósseas morrem, um processo chamado necrose avascular, ocorre em crianças entre 4 e 10 anos de idade. É cinco vezes mais comum em meninos do que em meninas, em 10% a 15% de todos os casos, os dois quadris são afetados.

Embora o termo "doença" ainda seja usado, Perthes é realmente um processo complexo de estágios que pode durar vários anos. À medida que a condição progride, o osso enfraquecido da cabeça do fêmur (a "bola" da articulação do quadril) começa gradualmente a colapsar. Com o tempo, o suprimento de sangue para a cabeça do fêmur retorna e o osso começa a crescer novamente.

O tratamento para Perthes se concentra em ajudar o osso a voltar a uma forma mais arredondada que ainda se encaixa no encaixe da articulação do quadril. Isso ajudará a articulação do quadril a se mover normalmente e evitar problemas no quadril na idade adulta.

O prognóstico a longo prazo para crianças com Perthes é bom na maioria dos casos. Após 18 a 24 meses de tratamento, a maioria das crianças retorna às atividades diárias sem grandes limitações.

Estágios

Existem quatro estágios na doença de Perthes:

1. Inicial / necrose: Nesta fase da doença, o suprimento de sangue para a cabeça femoral é interrompido e as células ósseas morrem. A área fica intensamente inflamada e irritada e seu filho pode começar a mostrar sinais da doença, como mancar e/ou sentir dor no quadril ou joelho no lado acometido. Esse estágio inicial pode durar vários meses.

2. Fragmentação: Durante um período de 1 a 2 anos, o corpo remove o osso morto abaixo da cartilagem articular e o substitui rapidamente por um osso inicial mais macio ("osso mole"). É nessa fase que o osso está em um estado mais fraco e a cabeça do fêmur tem maior probabilidade de desabar em uma posição mais plana.

3. Reossificação: Um osso novo e mais forte se desenvolve e começa a tomar forma na cabeça do fêmur. O estágio de reossificação é geralmente o estágio mais longo da doença e pode durar alguns anos.

4. Residual: Nesta fase, o ósseo está forte e a cabeça femoral atingiu sua forma final. O formato da cabeça femoral dependerá de vários fatores, incluindo a extensão dos danos ocorridos durante a fase de fragmentação, bem como a idade da criança no início da doença.

Causa

A causa da doença de Perthes não é conhecida. Acredita-se que seja multifatorial mas alguns estudos recentes indicam que pode haver um vínculo genético com o desenvolvimento de Perthes, mas é necessário realizar mais pesquisas.

Sintomas

Um dos primeiros sinais de Perthes é uma mudança na maneira como seu filho caminha e corre. Isso geralmente é mais aparente durante atividades esportivas. Seu filho pode mancar, ter movimentos limitados ou desenvolver um estilo de corrida diferente, tudo devido à irritabilidade na articulação do quadril. Outros sintomas comuns incluem:

Dor no quadril ou na virilha, ou em outras partes da perna, como a coxa ou o joelho (denominada "dor referida").

Dor que piora com a atividade e é aliviada com o descanso.

Espasmos musculares dolorosos que podem ser causados ​​por irritação ao redor do quadril.

Dependendo do nível de atividade do seu filho, os sintomas podem aparecer e desaparecer por um período de semanas ou até meses.

Exame físico

O seu médico avaliará a amplitude de movimento do quadril de seu filho. Nessa patologia normalmente a capacidade de mover a coxa para longe do corpo (abdução), e a rotação interna estão diminuídas.

Raios-X

As imagens radiograficas são necessárias para confirmar o diagnóstico de Perthes. Os raios X mostram a condição do osso na cabeça femoral e ajudam seu médico a determinar o estágio da doença.

Tratamento

O objetivo do tratamento é aliviar os sintomas dolorosos, e principalmente proteger o formato da cabeça femoral e restaurar o movimento normal do quadril. Se não tratada, a cabeça do fêmur pode se deformar e não se encaixar bem no acetábulo, o que pode levar a outros problemas no quadril na idade adulta, como o início precoce da artrose.

Existem muitas opções de tratamento para a doença de Perthes. Será considerado vários fatores ao desenvolver um plano de tratamento para o seu filho, incluindo:

Idade do seu filho. Crianças mais jovens (com 6 anos ou menos) têm melhor prognóstico (resultado).

O grau de dano na cabeça femoral. Se mais de 50% da cabeça femoral foi afetada por necrose, o potencial de bons resultados é menor.

O estágio da doença no momento em que seu filho é diagnosticado. O tempo em que o seu filho está no processo da doença afeta as opções de tratamento recomendadas pelo seu médico.

Tratamento Não Cirúrgico

A observação rigorosa é a indicação para crianças muito pequenas (aquelas de 2 a 6 anos) que mostram poucas alterações na cabeça femoral nas radiografias iniciais, o tratamento recomendado é geralmente uma observação simples. A mesma será monitorizada regularmente com raios-X para assim garantir que o crescimento da cabeça femoral esteja no caminho certo enquanto a doença segue seu curso.

Medicamentos anti-inflamatórios podem ser utilizados se há sintomas dolorosos.

Limitação de atividades físicas, como correr e pular, ajudará a aliviar a dor e a proteger a cabeça femoral. Também pode ser recomendado muletas ou andador para impedir que seu filho coloque muito peso na articulação.

Fisioterapia devido rigidez do quadril pode ser recomendada com o intuito de restaurar a amplitude de movimento da articulação do mesmo. Esses exercícios geralmente se concentram na abdução do quadril e na rotação interna.

Tratamento Cirúrgico

O tratamento cirúrgico é indicado em alguns casos restritos , como por exemplo quando o músculo adutor longo na virilha é muito tenso e impede a movimentação do quadril (tenotomia) ou quando a cabeça não esta congruente com o acetábulo.

 Resultados

Na maioria dos casos, o prognóstico a longo prazo para crianças com Perthes é bom e elas crescem na idade adulta sem mais problemas no quadril.

Se houver deformidade remanescente na forma da cabeça femoral, há mais potencial para problemas futuros; no entanto, se a cabeça deformada ainda se encaixar no acetábulo, os problemas tendem ser menores. Nos casos em que a cabeça deformada não se encaixa bem no acetábulo, é provável que haja dor no quadril ou início precoce da artrose na idade adulta.

Uma recomendação importante aos pais é que crianças que tiveram essa patologia evitem de ganhar peso (engordarem muito) diminuindo assim a sobrecarga no quadril afetado